28/03/2011

"Eu vim para que todos tenham vida, que todos tenham vida plenamente"


Para ter mais vida

Aos católicos que desejam levar a sério a vida espiritual e chegar à maturidade cristã (cf Ef. 4,13), sempre foi recomendada a prática da Confissão frequente.

Você sabe que a Confissão é um os sete Sacramentos - o Sacramento da Reconciliação ou da Penitência -, instituído por Jesus Cristo, quando, depois de ressuscitado, apareceu aos Apóstolos reunidos no Cenáculo e lhes disse: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes ão retiros (Jo 20, 21-23). É impressionante. Se Cristo não tivesse dado esse poder aos sacerdotes, nós não nos atreveríamos a pensar que isso fosse possível.

Mas Jesus não quis limitar-se só a facilitar por meio da confissão o perdão dos pecados. Fez muito mais.

Um canal de vida divina
Para entender isso, você tem que pensar que todos os Sacramentos são fontes de graça, canais por onde Cristo nos concede a vida divina, a graça do Espírito Santo que Ele ganhou para nós na Cruz: Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10). Ele é generoso, não dá a graça com medida (cf. Jo 7,38-39).

Por esquecerem essa realidade, muitos acham que só deveriam confessar-se quando tem a desgraça de cometer pecados mortais, para ficarem livres deles e poder comungar. Quando não têm consciência de pecado grave, dizem: «Por que confessar-se? Para que a confissão frequente, mensal, ou até semanal?».

Os que pensam assim ignoram que a Confissão não foi instituída por Cristo somente para perdoar os pecados, mas - como veremos a seguir - também para nos unir a Deus com mais amor, para nos fortalecer e para nos fazer amadurecer. Um texto antigo, citado no Catecismo da Igreja Católica (CIC), diz, de maneira muito bonita: «Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade» (n. 1468).

Para compreendermos melhor isso, vamos considerar agora as duas circunstâncias em que os católicos bem formados costumam se confessar.
A) Recorrem quanto antes à confissão quando têm consciência de estarem em pecado mortal e, portanto, de terem perdido a graça de Deus.

B) Procuram frequentemente e com devoção (uma vez por mês, cada quinze dias, semanalmente), confessar-se dos pecados veniais, daquelas faltas que não nos privam da graça habitual.

A confissão dos pecados graves
«Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja - diz o Catecismo - deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra, depois de examinar cuidadosamente a sua consciência» (CIC, n. 1493).

Depois, acrescenta: «A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja» (CIC, n. 1497). Esta doutrina faz parte da nossa fé católica.

Após lembrar isso, volto ao que dizíamos acima. Será que a confissão só «apaga» o pecado… e pronto? E resposta é: Não. Além de conferir o perdão dos pecados e restituir a graça santificante (o «estado de graça»), concede a graça sacramental .

Em que consiste essa graça sacramental? Fundamentalmente em duas coisas:
a) Em receber, junto com o perdão, um especial auxílio de Deus para fortalecer a alma na luta contra as tentações e evitar cair de novo nos mesmos pecados;

b) Mais ainda: Santo Tomás ensina que, depois de uma confissão bem feita o penitente pode sair do confessionário tendo na alma um grau mais elevado de graça, do que aquele que tinha antes de cair no pecado grave. Por isso, como é importante confessar-se com frequência!

Se você achar que não é bem assim, eu lhe direi que não compreendeu a parábola do filho pródigo. O rapaz abandona o pai, despreza-o, cai na gandaia, esbanja tudo, e acaba na miséria material e espiritual. Feito um farrapo humano, volta tremendo de medo para pedir perdão ao pai, e só espera que lhe permita ficar em casa como o último empregado.

E o pai, que faz? Radiante de alegria, adianta-se, vai ao encontro do filho que volta, lançou-se-lhe ao pescoço e o cobriu de beijos. A seguir, mandou colocar aquele filho ingrato no lugar de honra da casa: Trazei depressa a melhor veste, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado (Lc 15, 17-24).

Você percebe? Deus não se limita a dizer: «Eu te perdoo, vamos esquecer». Faz muito mais. O filho pecador recebe mais carinho, mais honra e mais bens do que nunca antes tinha tido. O amor de Deus sempre «exagera», e nós somos tão tolos que o desprezamos…, com essa pretensão de que «não preciso me confessar!».

A confissão dos pecados veniais
«Apesar de não ser estritamente necessária - diz o Catecismo -, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é vivamente recomendada pela Igreja». A seguir dá quatro razões: «A confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a lutar contra as nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito (na santidade)» (CIC, n. 1458).

Medite sobre essas palavras. A pessoa que se confessa «regularmente», periodicamente, se recorrer a um confessor que dedique um pouco de tempo à orientação espiritual:

a) terá uma consciência cada vez melhor formada: saberá distinguir o que é certo e o que é errado, o que é grave e o que é leve, terá segurança nas suas decisões morais, etc.

b) além disso, como já vimos, será cada vez mais forte para lutar contra suas más inclinações (impaciências, irritações, preguiça, curiosidade sensual, vaidade, críticas, descontrole da gula, inveja, etc.). Muitos cristãos, por não procurarem essa ajuda da confissão frequente, ficam encalhados nas mesmas falhas e não são «curados»por Cristo.

c) finalmente, a pessoa que pratica a confissão frequente progride no caminho do amor de Deus e do próximo, renova-se constantemente, descobre novas maneiras de fazer o bem.

Elementos essenciais da Confissão

Na vida, tudo o que se faz bem feito é eficaz, traz um bem. Uma casa conseguirá ser bela, prática e aconchegante, se for construída com plantas e cálculos bem feitos, com bons materiais, com perfeito acabamento de todos os elementos que a compõem.

De maneira análoga, uma confissão será «boa» e dará «frutos de graça» - como víamos na reflexão anterior -, se forem bem cuidados e praticados todos os elementos que a compõem. Você sabe que os «elementos essenciais» do Sacramento da Penitência (cf. CIC n. 1448) são os «atos do penitente» e a «absolvição do sacerdote». Sem eles, não haveria Sacramento.

De nós dependem os atos do penitente. Como aprendemos (tomara!) no catecismo da primeira Comunhão são quatro: 1º o exame de consciência; 2º o arrependimento (que inclui o propósito), 3º a confissão ao sacerdote; 4º a penitência ou satisfação.

Bem sabe que não estamos aqui para ter aulas teóricas, nem de catecismo nem de teologia. Mas o pequeno catecismo clássico é um guia excelente para a vida espiritual. Vamos ver, então, recordando esse catecismo, algumas sugestões práticas sobre cada um dos atos do penitente.

O exame de consciência
O catecismo ensina que, para fazer uma boa Confissão, é necessário, antes de tudo, pedir luzes a Deus para conhecermos todos os nossos pecados. Para isso, sugiro:

1) Antes de se confessar (no próprio dia, o antes) dedique uns minutos a se examinar diante de Deus, procurando lembrar os seus pecados. Se acha que depois os vai esquecer, pode anotá-los. Pouco antes de se confessar, reveja a listinha que escreveu nessa santa «cola», para refrescar a memória. Depois, triture ou risque totalmente o papel.

2) Quando se trata de uma pessoa que leva muito tempo sem se confessar, a preparação deverá ser mais demorada, e é aconselhável que tenha antes uma conversa calma com o confessor, pedindo-lhe que o ajude a preparar-se.

3) Há impressos bem práticos para nos ajudar a fazer o exame, como os que trazem os livrinhos de «Orações do cristão» ou outros devocionários. Normalmente trazem o elenco dos possíveis pecados contra cada um dos Dez Mandamentos.

4) Às pessoas que se confessam com frequência, eu aconselharia a basear o exame, de preferência, sobre os sete Pecados Capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça), sem descurar os Mandamentos. Por quê? Porque as faltas cotidianas costumam ser pequenos «satélites» desses sete pecados.

Como um pequeno subsídio, vou enumerar os pecados capitais, colocando entre parênteses uns poucos exemplos de «satélites:

Soberba ou orgulho (vaidade, exibicionismo, falar de si e não ouvir os outros, preocupar-se demais com o que os outros pensam de nós…).

Avareza (não ajudar os necessitados, ser avarento do tempo, da ajuda, do que poderia emprestar e não quer…).

Luxúria ou sensualidade (olhares sensuais pela rua, na tv, etc.; flertar à toa no trabalho, para parecer simpático; ter maus pensamentos ou desejos não afastados com a devida rapidez…).

Ira (irritações, impaciências, respostas bruscas, reclamações ásperas, xingações, explosões…).

Gula (excessos no comer e no beber, exigir requintes impróprios, abusar do chocolate, etc., «manias» injustificadas nas comidas…).

Inveja (tristeza porque os outros são ou têm mais do que nós, mesmo que não lhes desejemos mal; maledicência oriunda da inveja; competitividade ansiosa…)

Preguiça (de levantar, de estudar, de rezar, de ir à Missa, de arrumar a cama, de colaborar nas coisas materiais do lar, de visitar parentes ou doentes que precisam, etc. etc….)

Algumas dessas faltas podem aumentar de «calibre» e constituir um pecado mortal. Para esclarecer a consciência, procure a orientação do confessor.

O arrependimento ou contrição
Uma definição clássica diz que é «a dor da alma e o repúdio do pecado cometido, com a resolução de esforçar-se para não mais pecar no futuro» (cf. CIC, n. 1451).

A Igreja ensina que há dois tipos de contrição:

1) A chamada «contrição perfeita», que é a dor que tem como motivo o amor a Deus. É or de amor por tê-lo ofendido, por ser Ele quem é, bondade suma, e ter dado a vida por nós. Essa contrição é a ideal e, quanto mais impregnada de amor estiver, mais graça divina vai atrair.

Tenha em conta que«perfeita» não significa «máxima», e, além disso, que não precisa «sentir» emocionalmente essa dor. Basta ter a «convicção» de que Deus é bom e nos ama, e nós o ofendemos ao pecar. Pode ajudá-lo olhar para um crucifixo, pensando em Jesus que morreu pelos nossos pecados.

2) A «contrição imperfeita» (ou «atrição») é, como lembra o pequeno catecismo, a dor e detestação dos pecados cometidos, por temor dos castigos de Deus nesta vida ou na outra; ou ainda porque nos incomoda demais andar com essas ofensas de Deus dentro da alma.

Essa contrição, unida à absolvição sacramental, é suficiente para fazer uma confissão válida (mesmo de todos os pecados mortais), mas é bom lembrar que o «fruto» do Sacramento aumenta na medida do amor. Por isso, Jesus disse da pecadora que chorava aos seus pés: Seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela muito amou (Lc 7, 47).

É claro que a autêntica contrição inclui o propósito de não pecar mais. O propósito deve ser sincero, ainda que não exclua o temor de voltar a fraquejar. Mas será sincero, mesmo havendo esse receio (que é diferente da má vontade), se concretizarmos alguns «meios»práticos para evitar os pecados confessados, como pedir mais ajuda a Deus e à Virgem, comungar com mais frequência, evitar determinadas ocasiões perigosas, lugares, pessoas ou conversas que nos possam levar a pecar, etc.

A confissão ao sacerdote
«A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua sendo o único meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja [...]. Aquele que quiser obter a reconciliação… deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra depois de examinar cuidadosamente a sua consciência». Assim ensina o Catecismo da Igreja (CIC nn. 1493 e 1497).

«Todos os pecados graves»: não só cada um dos tipos de pecado grave que cometeu (caluniei, cometi adultério, caí em corrupção ativa, faltei à Missa dominical sem motivo importante…), mas também o número de cada um dos pecados, pelo menos o número aproximado (tantas vezes por mês, ou faltei à Missa durante tantos anos ou meses, ou aproximadamente dez vezes, etc.).

Além disso, a confissão «integral» exige que se comentem as circunstâncias que tornam a falta mais grave (p.e., ter assistido a um programa pornográfico estando presente um menor; ou ter ofendido gravemente a própria mãe, etc.).

Em se tratando de pecados veniais, não é preciso dizer o número, nem acusá-los todos (a lista poderia ser interminável e angustiante), mas sobretudo aqueles em que mais tropeçamos, que sabemos é mais necessário vencer, ou que prejudicam mais os que convivem ou trabalham conosco.

«Esvaziar o lixo da alma» traz-nos uma paz e uma força que nenhum psiquiatra nos poderia dar.

A penitência ou satisfação
Em toda confissão, o sacerdote deve impor-nos uma penitência, que costuma consistir em algumas orações, algum sacrifício ou obra de caridade, etc. O seu significado é de «reparação» pelos pecados cometidos. É claro que as almas generosas costumam acrescentar livremente, por conta própria, outras orações e sacrifícios, com desejos sinceros de amar a Deus, reparando o mal cometido. É bom proceder assim, ainda que não seja obrigatório.

Convém cumprir a penitência quanto antes. Faz parte do Sacramento (dos «atos do penitente») e tem o valor do Sacramento: o fato de rezarmos uma Ave-Maria imposta pelo confessor como penitência é um ato «sacramental» e, por isso, tem mais valor que qualquer Ave-Maria ou dezenas de Ave-Marias que nós rezemos por iniciativa pessoal com fins de penitência. Vale a pena fazer a penitência - normalmente bem fácil de cumprir - com o maior esmero e fervor possível.


A paz de Cristo

Ao despedir-se dos Apóstolos na Última Ceia, Jesus lhes disse estas belas palavras, que se recordam em todas as Missas: A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração nem se atemorize! (Jo 14,27).

Jesus nasceu trazendo paz - paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14) - e despediu-se dando paz. Vai em paz!, diz também à mulher pecadora, depois de lhe perdoar os seus muitos pecados (Lc 7,50). É evidente que Ele quer que a Confissão seja uma fonte inesgotável de paz para as almas. Portanto, não quer que nos angustiemos com dúvidas e confusões, quase sempre causadas por mal-entendidos (na realidade, por falta de doutrina).

A reflexão de hoje vai versar sobre alguns desses mal-entendidos. Vamos ver um elenco das dúvidas mais comuns. Espero que o esclarecimentos o ajudem, e lhe proporcionem idéias para ajudar a outras pessoas.

1) Pecados duvidosos
Não é raro ter dúvidas de dois tipos:
a) «Será que este pecado é grave, ou é só leve?»
b) «Será que cometi um pecado grave ou foi só uma tentação?»

Nada como a doutrina para formar a consciência e esclarecer essas questões. Lembre-se sempre de que a Igreja ensina que, para que exista pecado grave, devem dar-se, simultaneamente, três condições: «matéria grave», «plena consciência do que se faz» e «consentimento deliberado» (CIC n. 1857).

«Matéria grave». Uma pessoa formada sabe que é grave fazer a alguém uma ofensa séria, divulgar faltas graves do próximo que outros não conhecem, dizer mentiras que causem danos a outros, ter condutas injustas (não pagar o que é devido, trapacear nos negócios, eliminar o justo ganhador de um concurso ou concorrência por motivos escusos, praticar sexo fora do casamento, abortar, etc, etc.). Em caso de dúvida, deve consultar-se um bom confessor.

«Consciência plena do que se faz». Não pode ser grave um pensamento, sentimento ou gesto maus que ocorreram durante o sono ou num estado de semi-inconsciência. Também não costuma ser grave uma reação súbita de ira perante ume estímulo inesperado (o fato de não ser grave não significa que seja coisa boa, mas quer dizer que não faz perder o estado de graça e, portanto, não impede de comungar).

«Consentimento pleno ou deliberado». É bom recordar que uma coisa é sentir e outra consentir. A tentação pode-se sentir, até com violência (por exemplo, sentir com força - sem o querer nem o procurar - o desejo de agredir uma pessoa; ou um pensamento, fantasia ou desejo contrário à castidade). Mas, mesmo que a tentação seja insistente (que volte uma e outra vez, pegajosa como uma mutuca), não haverá pecado, pelo menos pecado grave, enquanto não for aceita, enquanto não se «quiser» deliberadamente («quero mesmo fazer isso», «esse desejo sexual, se eu pudesse, levaria à prática»). Alguém dizia, de modo expressivo: «Primeiro você sentiu a tentação e, sem reparar, deteve-se um pouco nela, mas logo se acendeu na consciência o sinal vermelho: “Isto está errado, isto ofende a Deus”. Se, ao perceber o aviso da consciência, você repudia a tentação, reza e luta firmemente por afastá-la, esteja certo de que não pecou gravemente».

Ainda sobre os pecados duvidosos, lembro-lhe que a Igreja ensina que não há obrigação de confessá-los, embora quase sempre seja bom mencioná-los na confissão para obter critério, mas «o certo deve ser confessado como certo e o duvidoso como duvidoso». Caso sofra do tormento da dúvida doentia, ou seja, do escrúpulo, peça ajuda a Deus e siga fielmente as orientações do confessor. Quando for o caso - pois os escrúpulos angustiantes podem ser um doença - consulte o médico.

2) Confissões duvidosas
Há certas confissões que não são duvidosas, porque são certamente más. Lembre a esse respeito o que sempre nos ensinou o catecismo: A confissão é mal feita quando nela se oculta um pecado mortal ou não se tem arrependimento dos pecados. Quem, por vergonha ou medo, tivesse ocultado um pecado grave, ou mentido em matéria grave, não alcançaria o perdão de nenhum pecado e cometeria um sacrilégio. Por isso, deve repetir a confissão mal feita e todas as outras que tiver feito depois.

Uma coisa completamente diferente é o caso da pessoa que de repente se lembra de um pecado antigo, grave, e tem quase certeza de que nunca o confessou. A solução é simplicíssima: basta explicar o que aconteceu e acusar esse pecado na próxima confissão que fizer. O mesmo procedimento deve-se seguir quando a pessoa, depois de se confessar com contrição, repara que esqueceu involuntariamente de mencionar um pecado grave. A confissão fica sendo boa e válida. Só tem o dever de confessar o pecado esquecido na próxima confissão.

3) Sobre a penitência
Não é raro que aconteça alguma dessas três coisas:
A) Esquecer-se da penitência que o confessor impôs. Pode-se seguir uma das seguintes soluções: se puder, pergunte posteriormente ao confessor; se não puder falar com ele, reze uma penitência parecida com a que o confessor lhe costume dar em confissões análogas; ou então, fale disso com o padre com que fizer uma nova confissão; ele dará, normalmente, uma penitência pela confissão passada e outra pela atual.

B) Outro caso. Aconteceu que o confessor, com a maior boa vontade, deu-lhe uma penitência que,
honestamente, você não pode cumprir sem graves inconvenientes. Então você tem duas soluções: uma é pedir a esse mesmo confessor o favor de trocá-la por outra que seja viável; a outra é pedir isso a um outro confessor: qualquer confessor tem a faculdade de fazer essa troca.

C) Não cumpriu ainda a penitência recebida na última confissão quando vai à Missa; na hora, acha que sem ter cumprido a penitência não pode comungar. Não é assim. Para a confissão ser válida (e estarmos em condições de comungar), basta ter o propósito sincero de cumprir a penitência recebida logo que possível, ou logo que nos lembrarmos. Não tendo havido omissão por má vontade, comungue com paz e cumpra depois a penitência.

Posso comungar e confessar-me depois?
Se, infelizmente, tiver algum pecado mortal, não pode. A Igreja ensina isso claramente, e até em tempos antigos excomungava o padre que dissesse que fazer isso estava certo. O Catecismo da Igreja Católica recorda-o claramente: «Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar ao confessor» (n. 1457).

Este último caso se daria, por exemplo, se uma pessoa acidentada, vítima de um mal súbito, etc., estivesse em perigo de morte e não se achasse sacerdote que pudesse atendê-la; só está disponível um ministro leigo: este pode dar-lhe a comunhão, após ajudar a pessoa a fazer um ato de contrição. Outro exemplo seria o caso daquele pai ou mãe que, tendo-se preparado para acompanhar a Primeira Comunhão de um filho, no próprio dia da celebração, ou poucos dias antes, teve a desgraça de pecar mortalmente, e não conseguiu um padre que o confessasse antes dessa Missa especial. Também poderia comungar.

Basta a «confissão comunitária»?
Neste tema, em que já houve e ainda há enorme confusão, nada melhor que ater-se fielmente à doutrina da Igreja Católica.

Há dois casos diferentes:
A) A «celebração comunitária» da penitência. Dentro da igreja ou capela, os fiéis ouvem a palavra de Deus , rezam e se preparam para confessar-se e agradecem em conjunto, mas, num dado momento, cada um, individualmente, vai confessar-se com algum dos padres presentes e recebe dele a absolvição (nestes casos, costumam reunir-se vários sacerdotes): cf. CIC, n. 1482. É uma celebração lícita e louvável.

B) «Absolvição geral sem confissão individual». Só é lícita em caso de «necessidade grave». O Catecismo (n. 1483) cita o «perigo iminente de morte» (p.e., um avião em perigo, um naufrágio, um terremoto, um incêndio), ou situações extremas, como pode ser - caso isso aconteça - a de uma comunidade de fiéis que moram isolados na floresta amazônica, e só recebem, de passagem, a visita breve de um padre uma vez por ano, sem tempo de se confessarem com ele.

Mas «um grande concurso de fiéis - afirma o Catecismo - por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave»

Nestes casos, porém, a absolvição só será válida se os fiéis, além de estarem contritos, têm o propósito firme de se acusar individualmente dos seus pecados graves e de receber pessoalmente a absolvição na primeira oportunidade que se lhes apresentar..

(fonte:http://www.padrefaus.org/?p=883)


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