31/05/2011

Diálogo anglicano-católico: aprender do outro, mais do que tentar convencê-lo


ARCIC III se compromete com “ecumenismo de recepção”

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 31 de maio de 2011 (ZENIT.org) – O diálogo entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana se realizará nos próximos anos tentando fazer avançar a unidade “aprendendo dos nossos companheiros, mais do que pedindo-lhes que aprendam de nós”.

A Comissão Internacional Anglicano-Católica (ARCIC) se comprometeu a fazer seu o chamado “ecumenismo de recepção”, na primeira reunião da sua terceira fase, realizada de 17 a 27 de maio, no mosteiro italiano de Bose.

Um comunicado do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, divulgado no último sábado, indica que, “na consideração do método que será usado pela ARCIC III, a Comissão se apoiou na aproximação do ecumenismo de recepção.

O ecumenismo de recepção se baseia em nós mesmos e na conversão interior, mais que na tentativa de convencer os outros.

Para o Conselho Pontifício, “anglicanos e católicos podem ajudar-se reciprocamente a crescer na fé, na vida e no testemunho cristão se estiverem abertos e dispostos a deixar-se transformar pela graça divina mediada por uns e outros”.

Discernir o ensinamento ético
Os debates do encontro se centraram na Igreja como comunhão local e universal e em como, na comunhão, a Igreja local e universal consegue discernir o justo ensinamento ético.

A ARCIC III elaborou um programa de trabalho que analisa a Igreja, sobretudo à luz do seu ser radicada em Cristo no mistério pascal.

Os representantes da Igreja Católica neste diálogo explicaram que a Comissão tentará desenvolver uma interpretação teológica da pessoa, da sociedade humana e da nova vida de graça em Cristo.

Basearão sua análise nas Escrituras, na tradição e na razão, além de aproveitar o trabalho precedente da Comissão, que também “examinará algumas questões particulares para explicar como as nossas duas comunhões se comportam na tomada de decisões de natureza moral e como áreas de tensão entre anglicanos e católicos podem ser resolvidas aprendendo uns dos outros”.

45 anos dialogando
O diálogo entre anglicanos e católicos começou oficialmente em 1966, proposto por Paulo VI e pelo arcebispo da Cantuária, Michael Ramsey. Após uma fase preparatória, constituiu-se a Comissão conjunta (ARCIC), em 1968.

A primeira fase do diálogo (ARCIC I) durou de 1970 a 1981, dirigida pelo bispo anglicano Henry McAdoo e pelo católico Alan Clark. Nessa fase, falou-se sobre doutrina eucarística, autoridade e ministério ordenado, chegando à declaração conjunta de Windsor.

A segunda fase (ARCIC II) começou em 1983 e durou até este ano, liderada pelos bispos anglicanos Mark Santer, Frank Griswold e Peter Carnley, e pelos bispos católicos Cormac Murphy O'Connor e Alexander Joseph Brunett.

No entanto, o diálogo oficial foi suspenso pelo Papa João Paulo II em 2003, após a consagração episcopal de Gene Robinson, um homossexual que mantinha uma relação carnal. Posteriormente, as dificuldades aumentaram, com a aprovação da ordenação de mulheres, especialmente para cargos episcopais.

Outro dos acontecimentos sobressalentes dessa segunda fase foi a publicação, por parte do Papa Bento XVI, da constituição apostólica Anglicanorum coetibus, em 9 de novembro de 2009.

Após sua última reunião, o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos destacou que o que une católicos e anglicanos é maior que o que os separa.

(fonte:www.zenit.org)

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