05/10/2011

A experiência fraterna de Francisco de Assis

Por Frei José Willian Corrêa de Araújo, OFMCap

A humildade de Francisco de Assis diante das criaturas abriu-lhe o caminho da paz, pois, não pode haver verdadeira reconciliação consigo mesmo sem uma verdadeira reconciliação com a própria natureza e com a vida como um todo. Sua humildade diante da vida o fez renunciar a considerar-se senhor do Universo. Aceitou-se como criatura entre as criaturas, irmão das mais humildes dentre elas. Ele entrou no jogo da Aliança e tornou-se um criador de unidade e de fraternidade.

A primeira experiência humana e fraterna de Francisco, antes mesmo que fosse constituída a sua fraternidade, foi a descoberta do outro, pessoa como ele, e como qual ele se identificou. E passou a considerar a todos como irmãos, usando da misericórdia que o Senhor lhe inspirava.

Mas, Francisco de Assis não foi, no início, um modelo de doçura. Suas ambições o haviam atirado à guerra como caminho para a glória. No seu processo de conversão, ele foi abrindo-se, aos poucos, à grande doçura de Deus. E, assim, ele soube domesticar sua própria agressividade, convertendo o lobo; não aquele que vive apenas nas florestas mas que se oculta em cada um de nós, e o lobo feroz se tornou fraternal.

O grande êxito de sua vida não foi sua Ordem, mas o homem que ele foi se tornando, de coração imenso que reatou os laços de amor com o Criador. Dessa forma, em seu coração, os nomes de “irmão” ou “irmã” exprimiam não só uma verdade dogmática, mas também uma verdadeira “emoção amorosa”, “uma fusão afetiva cósmica”. Em suma, esta declaração de fraternidade era também o reconhecimento duma intimidade e duma espécie de consangüinidade experimentada.

Os biógrafos de Francisco de Assis são unânimes em ressaltara relação fraterna que ele tinha com todos os seres da criação. O respeito que cultivava para com todas as criaturas, fruto de uma atitude celebrativa de, com elas, unir-se no louvor ao Criador. E, aberto ao amor de todas as criaturas e de toda a criação, enraizado na alegria, Francisco de Assis abalou a sensibilidade medieval e cristã. Por essa razão, o Papa João Paulo II declarou-o, em sua carta “Inter sanctos praeclarosque viros” (29 de novembro de 1979), o Santo Padroeiro de todos os que se preocupam pelo bem-estar ecológico, canonizando o sentimento do seu grande amor por todos os seres criados.

fonte: http://www.franciscanos.org.br/noticias/noticias_especiais/irmamorte_011007/07.php

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