21/09/2013

O Papa frente ao aborto: "Nossa resposta é um sim decidido e sem hesitações à vida"

VATICANO, 20 Set. 13 / 02:58 pm (ACI).- O Papa Francisco reiterou nesta manhã a sua clara postura ante a "cultura do descartável" do aborto, que procura a eliminação dos seres humanos mais frágeis, e disse que "a nossa resposta a esta mentalidade é um ‘sim’ decidido e sem hesitações à vida" que é sempre sagrada e inviolável.
Segue na íntegra a tradução do discurso pronunciado em italiano nesta manhã pelo Pontífice ante os ginecologistas católicos participantes do encontro promovido pela Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos. Este discurso se faz ainda mais importante logo depois da manipulação de alguns meios seculares da extensa entrevista feita ao Papa e publicada ontem, tentando apresentar o Santo Padre como oposto à luta pró-vida e pró-família.
Discurso do Papa Francisco:
"Peço-vos desculpa pelo atraso… Esta foi uma manhã um pouco complicada devido às audiências… Peço-vos desculpa.
1. A primeira reflexão que gostaria de partilhar com vocês é esta: nós assistimos hoje a uma situação paradoxal, que diz respeito à profissão médica. Por um lado constatamos – e agradecemos a Deus – os progressos da medicina, graças ao trabalho de cientistas que, com paixão e sem descanso, se dedicam à procura de novos tratamentos.? Entretanto, por outro lado, encontramos também o perigo de que o médico esqueça a própria identidade de servo da vida. A desorientação cultural tem afetado também aquilo que parecia um âmbito intocável: o vosso, a medicina! Mesmo estando por natureza a serviço da vida, as profissões de saúde são induzidas às vezes a não respeitar a própria vida.
Em vez disso, como nos recorda a Encíclica Caritas in veritate, "a abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento". Quando uma sociedade se encaminha para a negação e a supressão da vida, não encontra a motivação e a energia necessária para esforçar-se no serviço do verdadeiro bem do homem. Se se perde a sensibilidade pessoal e social para com o acolhimento de uma nova vida, também outras formas de acolhimento úteis à vida secam. O acolhimento da vida revigora as energias morais e capacita para a ajuda recíproca (n. 28).
A situação paradoxal está no fato de que, enquanto se atribuem à pessoa novos direitos, às vezes mesmo direitos presumidos, nem sempre se protege a vida como valor primário e direito primordial de cada homem. O fim último do agir médico permanece sendo sempre a defesa e a promoção da vida.
2. O segundo ponto: neste contexto contraditório, a Igreja faz apelo às consciências, às consciências de todos os profissionais e voluntários de saúde, de maneira particular de vocês ginecologistas, chamados a colaborar no nascimento de novas vidas humanas. A vossa é uma singular vocação e missão, que necessita de estudo, de consciência e de humanidade. Um tempo atrás, as mulheres que ajudavam no parto eram chamadas "comadre": é como uma mãe com a outra, com a verdadeira mãe. Também vocês são "comadres" e "compadres", também vocês.
Uma generalizada mentalidade do útil, a "cultura do descartável", que hoje escraviza os corações e as inteligências de tantos, tem um altíssimo custo: requer eliminar seres humanos, sobretudo se fisicamente ou socialmente mais frágeis. A nossa resposta a esta mentalidade é um "sim" decidido e sem hesitação à vida. ‘O primeiro direito de uma pessoa humana é a sua vida. Essa tem outros bens e alguns desses são mais preciosos: mas é aquele o bem fundamental, condição para todos os outros" (Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração sobre aborto provocado, 18 de novembro de 1974, 11).
As coisas têm um preço e podem ser vendidas, mas as pessoas têm uma dignidade, valem mais que as coisas e não têm preço. Tantas vezes, encontramo-nos em situações onde vemos que aquilo que custa menos é a vida. Por isto a atenção à vida humana em sua totalidade transformou-se nos últimos tempos em uma verdadeira prioridade do Magistério da Igreja, particularmente àquela majoritariamente indefesa, isso é, as pessoas com deficiência, doentes, o nascituro, a criança, o idoso, que é a vida mais indefesa.

No ser humano frágil cada um de nós é convidado a reconhecer a face do Senhor, que na sua carne humana experimentou a indiferença e a solidão à qual às vezes condenamos os mais pobres, seja nos Países em via de desenvolvimento, seja nas sociedades afluentes.
Toda criança não nascida, mas condenada injustamente a ser abortada, tem a face de Jesus Cristo, tem a face do Senhor, que mesmo antes de nascer, e depois apenas nascido experimentou a rejeição do mundo. E cada idoso, e – falei da criança: vamos aos idosos, outro ponto! E cada idoso, mesmo se enfermo ou no fim de seus dias, leva em si a face de Cristo. Não se pode descartar, como nos propõe a "cultura do descartável"! Não se pode descartar!
3. O terceiro aspecto é um mandato: sejam testemunhas e difusores desta "cultura da vida". O vosso ser católico comporta uma maior responsabilidade: antes de tudo para com vocês mesmos, para com o compromisso de coerência com a vocação cristã; e depois para com a cultura contemporânea, para contribuir a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente, a marca da obra criadora de Deus, desde o primeiro instante de sua concepção.
Este é um compromisso de nova evangelização que requer às vezes ir contracorrente, pagando pessoalmente. O Senhor conta também com vocês para difundir o "evangelho da vida".
Nesta perspectiva, as enfermarias dos hospitais de ginecologia são lugares privilegiados de testemunho e de evangelização, porque lá onde a Igreja se faz "veículo da presença de Deus" vivo, transforma ao mesmo tempo "instrumento de uma verdadeira humanização do homem e do mundo" (Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização, 9).
Amadurecendo a consciência de que no centro da atividade médica e assistencial está a pessoa humana na condição de fragilidade, a estrutura de saúde transforma-se em "lugar no qual a relação de cuidado não é trabalho – a vossa relação de cuidado não é trabalho – mas missão; onde a caridade do Bom Samaritano é a primeira cátedra e a face do homem sofredor, a Face própria de Cristo" (Bento XVI, Discurso à Universidade Católica do Sagrado Coração de Roma, 3 de maio de 2012).
Queridos amigos médicos, vocês são chamados a ocuparem-se da vida humana na sua fase inicial, recordem todos, com os fatos e com as palavras, que esta é sempre, em todas as suas fases e em toda idade, sagrada e é sempre de qualidade. E não por um discurso de fé – não, não, – mas de razão, por um discurso de ciência! Não existe uma vida mais sagrada que a outra, como não existe uma vida humana qualitativamente mais significativa que a outra. A credibilidade de um sistema de saúde não se mede somente pela eficiência, mas, sobretudo, pela atenção e amor para com as pessoas, cuja vida sempre é sagrada e inviolável.
Não deixem nunca de rezar ao Senhor e à Virgem Maria, para ter a força de cumprir bem o vosso trabalho e testemunhar com coragem – com coragem! Hoje é necessário coragem – testemunhar com coragem o "evangelho da vida"! Muito obrigado!".

09/09/2013

Papa Francisco: Jesus não é um curandeiro, é um homem que recria a existência

Na homilia diária na casa Santa Marta o Santo Padre disse hoje que Jesus é a nossa Esperança

Esperança não é o mesmo que otimismo, – disse o Papa Francisco na sua habitual homilia na casa Santa Marta. Otimismo é ver sempre a parte cheia do copo, refere-se mais ao humor, enquanto que a esperança é um “dom, um presente do Espírito Santo e por isso São Paulo diz que nunca decepciona”.
O Papa Francisco convidou os sacerdotes a cultivarem a esperança, já que “é um pouco triste quando alguém se encontra com um sacerdote sem esperança, sem aquela paixão que dá a esperança; e é tão bonito quando nos encontramos com um sacerdote que chega ao final da sua vida sempre com aquela esperança, não com o otimismo, mas com a esperança, semeando esperança”. Isso quer dizer, disse o Papa, que “este sacerdote está perto de Jesus. E o povo de Deus tem necessidade de que nós sacerdotes demos esta esperança em Jesus, que refaz tudo, é capaz de refazer tudo e está refazendo tudo: em cada eucaristia ele refaz a criação, em cada ato de caridade ele refaz o seu amor em nós”.
Fazendo uma leitura de Col 1, 24- 2,3 o Papa falou de Jesus, “mistério, mistério escondido, Deus”. Jesus “é a nossa esperança. É o tudo, é o centro e é também a nossa esperança”.
Infelizmente, a virtude da esperança tem tido pouca importância entre nós – destacou o Pontífice- e é considerada “uma virtude de segunda categoria”.Em seguida ressaltou que otimismo é bem diferente de esperança. Otimismo é uma característica humana que depende de muitos elementos. Trata-se desse entusiasmo que sempre consegue ver “o lado cheio do copo e não o vazio”. Mas a esperança é outra coisa. É um “presente do Espírito Santo”. Mais ainda, ela tem um nome: “e este nome é Jesus”.
“Onde não há esperança não pode haver liberdade”, afirmou o Papa ao comentar o evangelho da missa - Lc 6, 6-11 - que narra precisamente o momento em que Jesus cura o homem com a mão atrofiada em dia de sábado.
O Santo Padre destacou dois tipos de escravidão presentes nessa passagem: a do homem com “a mão paralisada, escravo da sua doença” e aquela “dos fariseus, dos escribas, escravos das suas atitudes rígidas, legalistas”. Jesus liberta a ambos. Primeiro mostra aos rígidos que aquele não é o caminho da liberdade e depois cura o enfermo da sua doença.
Além do mais, “Jesus não é um curandeiro, é um homem que recria a existência. E isso nos dá esperança, porque Jesus veio justamente por causa deste grande milagre, recriar tudo”, destacou o bispo de Roma. A mesma Igreja, em uma oração litúrgica, reza dizendo que Deus se mostrou grande na obra da criação, porém, maior na obra da redenção.
“A grande maravilha é a grande reforma de Jesus. E isso nos dá esperança: Jesus que recria tudo” e quando nos unimos à Jesus na sua Paixão, disse o Papa, “com ele refazemos o mundo, o fazemos de novo”.

fonte: zenit.org

06/09/2013

Papa convence mulher a não abortar e oferece-se para ser padrinho

Foi o desespero que levou Anna Romano a escrever ao Papa. A mulher, italiana, encontrava-se grávida do seu amante, um homem casado, e este já lhe tinha deixado claro que não iria ajudar a criar o bebé, tentando convencê-la a abortar. 

Sob pressão, Anna escreveu ao Papa, mais por desabafo do que por outra razão, e foi com grande surpresa que recebeu um telefonema de Francisco. 

"Fiquei estupefacta ao telefone. Ouvi-o a falar. Tinha lido a minha carta. Assegurou-me que o bebé é um dom de Deus, um sinal da providência. Disse-me que nunca estaria sozinha", conta Romano ao jornal italiano "Il Messagero". 

Após alguns minutos de conversa, a futura mãe encontrava-se novamente cheia de esperança e decidida a levar a gravidez até ao fim. "Ele encheu-me o coração de alegria quando me disse que eu era corajosa e forte pelo meu filho", recorda. 

As palavras do Papa foram ainda tranquilizadoras noutro sentido. Anna disse a Francisco que gostaria de baptizar o filho, mas "tinha medo que não fosse possível" por ser "mãe solteira e divorciada". O Papa não só explicou que seria possível baptizá-lo, como se ofereceu para ser ele próprio o padrinho. "Estou convencido que não terá dificuldade em encontrar um pai espiritual, mas, se não conseguir, estou sempre disponível", disse Francisco. 

Anna Romano já fez saber que, se a criança for rapaz, vai chamar-se Francisco. 

Desde a sua eleição, o Papa já pegou várias vezes no telefone para falar pessoalmente com pessoas que sabia estarem a passar dificuldades. Um dos telefonemas envolveu um rapaz cujo irmão tinha sido morto e, mais recentemente, uma mulher argentina vítima de violação.

fonte:http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=121125